11.1.08

Luiz Pacheco: os livros

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Quando morrem os escritores é inevitável, fruto da atenção dada nos meios de comunicação e por um certo sentimento de remorso de pessoas que nunca leram nada do escritor em causa, uma procura acrescida das suas obras. Claro que seria melhor se tivessem prestado a devida atenção em vida, mas mais vale tarde do que nunca.
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No caso de Luiz Pacheco, quem procurar as suas obras está perante um problema: ele publicou dezenas de livros, dispersos por inúmeras editoras (pequenas ou até micro-ediotoras que já não existem em grande parte dos casos), e é dificílimo encontrá-los nas livrarias. Muitas livrarias (a maioria?) não têm uma única obra dele.
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O livro mais fácil de encontrar é o Diário Remendado, já que saiu recentemente (2005) e numa grande editora (a Dom Quixote). A Byblos, por exemplo, embora seja suposto ter tudo o que existe em Portugal, na semana passada só tinha este livro.
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Também o Exercícios de Estilo (a 3ª edição aumentada, da Estampa) se encontra com facilidade. Este é sem dúvida o livro mais adequado para quem se quer iniciar na obra de Luiz Pacheco, já que tem os seus principais textos: Comunidade, Os namorados, O teodolito, O cachecol do artista, entre vários outros, tendo sido ainda acrescentados na 3ª edição O Libertino passeia por Braga, a idolátrica, o seu esplendor, Os amigos. Os bambinos, Porto-Lisboa a pedir esmola e outros. É a obra maior de Luiz Pacheco, absolutamente imperdível.
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Na FNAC do Chiado costuma haver sempre os dois anteriores e por vezes também Cartas ao Léu (Quasi, 2005) ou os dois livros que saíram na Oficina do Livro, Os Doutores, a Salvação e o Menino Jesus (de 2002) e Raio de Luar (de 2003).
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Tirando os livros que já referi, é dificílimo encontrar o que quer que seja, embora nalguns casos não completamente impossível.
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Recentemente reparei que os dois volumes de Textos de Guerrilha (Ler, 1979 e 1981) apareceram baratíssimos em várias livrarias. Reparei neles na Pó dos Livros, quando abriu, na Portugal (na Rua do Carmo) e há pouco tempo naquela livraria do Jardim da Parada, em Campo de Ourique).
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A nova livraria Trama (Rua São Filipe Nery, junto ao Rato), tinha ontem na montra Pacheco versus Cesariny (Estampa, 1974) e Uma Admirável Droga (Quarteto, 2001).
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A Portugal há umas semanas tinha o Cartas na Mesa (Escritor, 1996).
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A Bucholz teve durante muito tempo (não sei se ainda terá) um grande stock daquela colecção que saiu com o Independente, incluindo o Figuras, Figurantes e Figurões (de 2004).
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Muito fácil de encontrar é a excelente tradução (ou versão, como ele preferiu chamar) de A Minha Mulher, de Anton Tchekov (Quasi, 2006).
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Duas livarias que costumam ter muitas coisas de Luiz Pacheco são a Letra Livre (na Calçada do Combro) e a Ler Devagar.
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Quanto a esta última, desde que está no Braço de Prata nunca reparei no que é que tem mas nas anteriores instalações era talvez a melhor livraria de Lisboa para encontrar livros de Luiz Pacheco. A Letra Livre costuma também ter várias coisas. Além dos livros que já referi em outras livrarias, já vi por lá coisas como Textos Malditos (Afrodite, 1977) ou Mano Forte (Alexandria, 2002), entre outros.
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Por fim, restam-nos sempre os alfarrabistas. Só lá é que podemos encontrar as edições da Contraponto ou outras mais ou menos raras, mas aqui é necessária uma boa dose de paciência e por vezes muito dinheiro (algumas edições andam pelas largas centenas de euros!).
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Perante este panorama, torna-se fundamental reeditar convenientemente a obra completa de Luiz Pacheco, ou, caso não seja possível, pelo menos as coisas mais importantes (a Assírio & Alvim parece-me a editora ideal para isso), de forma a que um autor tão importante não comece a cair no esquecimento.

1 comentário:

Anónimo disse...

sou dessas tristes pessoas que apenas se deparou com a beleza, algo obscura, da escrita, vida e morte de Luiz Pacheco... No meu caso, não pela sua morte e alguma relevãncia na comunicação social que daí adveio, mas por me ter cruzado, por mero acaso, com o livro "a comunidade" na estante dos meus pais... absolutamente fantastico... vou correr certamente todas as livrarias existente para adquirir o mázimo de livros dele.